Não costumo escrever sobre filmes, mas neste caso tenho o dever de fazer esta recomendação. Assim que possam, assistam “Sicko”, o novo filme do controverso, mas quase sempre certo e nunca politicamente correto, Michael Moore (Bowling for Columbine, Fahrenheit 9/11). Mais uma vez, Moore apresenta um monte de fatos e números sem explicitar a fonte, e usa opiniões bastante especifícas pra fazer andar a sua narrativa. Mas a verdade, como sempre, é que ele traz à luz vários pontos sujíssimos da sociedade americana que todos aqui (e ai) conhecem, mas dos quais ninguém reclama. Pelo menos não como ele. Clique aqui para uma crítica mais completa no NY Times.
Ele reclama na forma de uma pergunta básica: Como um país estupidamente rico como os EUA não tem um sistema universal de saúde, enquanto países considerados como inimigos da democracia americana (leia-se Cuba), têm atendimento médico de primeiro nível para a TODA a população, basicamente a custo zero? Isso sem falar de outros vizinhos de primeiro mundo como Canadá, Inglaterra e França.
Como num país que já investiu cerca de US$ 750 bilhões de dólares em segurança nacional desde o 11 de Setembro (incluindo as guerras) pode deixar que os lobistas da Indústria Farmacêutica influenciem as leis de Saúde do Congresso Americano?
Não é brincadeira; aqui, se você for no médico com uma tosse, a primeira coisa que eles vão te recomendar é um antibiótico.
E como pode ser que aqui, a prioridade das Seguradoras de Saúde (e consequentemente dos médicos em geral) seja economizar dinheiro e negar tratamento e exames ao maior número possível de pessoas? Claro, vivemos em um sistema extremamente capitalista, e espera-se menos ajuda do governo em alguns aspectos. Mas em Saúde? E não me levem a mal, tem muita gente que tem planos de saúde bons, mas a maioria dos planos requer pre-aprovação de tratamentos, o que dá às seguradoras o poder de decisão entre o bônus deles de final de ano ou ajudar a tratar o seu câncer. E neste país, a escolha pra eles é fácil.
Não sei exatamente como anda a situação de Saúde no Brasil, mas, se lembro bem, o modelo de Planos de Saúde é basicamente o mesmo que o daqui, com exceção que existe (ou existia) um capenga INPS e SUS. A gente fala tão mal dos EUA no Brasil, mas no momento de desenvolver uma estratégia de Saúde pra população, o governo, ao invés de se espelhar em Cuba ou França, se espelha em Richard Nixon.
(Kickbacks = a famosa molhadinha de mão)
Espero que eu esteja errado e, desde que eu sai dai o Lula tenha mudado as condições de Atendimento Médico público. Se não, esta dose de Michael Moore serve para curar a nossa doença também.